O vazamento da informação levou à retomada da discussão
sobre o projeto de lei que criminaliza o terrorismo no Brasil. O Estado
Islâmico é responsável por diversos ataques, principalmente na Síria e no
Iraque, contra igrejas e cristãos
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou
ontem (22) que o Congresso brasileiro pode acelerar a discussão sobre projeto
que criminaliza o terrorismo em resposta à revelação do jornal O Estado de
S.Paulo de que órgãos de inteligência do governo identificaram tentativas de
cooptação de jovens brasileiros pelo Estado Islâmico (EI).
No Senado, a discussão também deve ser retomada. "Se
esse tema nunca esteve no nosso radar, agora entrou", disse ao Estado o
senador Ricardo Ferraço, que pretende solicitar hoje (23) uma reunião da
Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Os parlamentares
integrantes desse grupo devem convidar para uma conversa o chefe do Gabinete de
Segurança Institucional, José Elito, e o diretor-geral da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, para ouvir o que consideram um
marco legal adequado para agir contra a ameaça terrorista. O deputado Rubens
Bueno também informou que pedirá aos órgãos de inteligência explicações sobre
as iniciativas do EI no Brasil.
Em nota divulgada ontem, o Ministério da Justiça admitiu que
"tem trocado informações e análises com autoridades de outros países sobre
políticas de prevenção ao terrorismo, apesar de não ter histórico de atos
terroristas no Brasil.". No entanto, afirmou desconhecer relatórios sobre
o tema.
"O Ministério da Justiça lamenta qualquer especulação
que possa ser feita em relação a informações vazadas de hipotéticos relatórios
de inteligência desconhecidos ou que não passaram pela análise de autoridades
governamentais responsáveis por decisões na área de segurança pública do
governo federal."
Pessoas envolvidas na discussão relataram ao Estado,
contudo, que o Ministério da Justiça e a Casa Civil receberam cópia dos
relatórios sigilosos elaborados pela Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal
(DAT) e pela Abin, este último a pedido do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI). Nos dois casos, foram identificadas situações consideradas relevantes
envolvendo tentativas de cooptações pelo EI de jovens brasileiros.
Fonte: O Estado de São Paulo