Dez dias após a dura ofensiva do
Estado Islâmico que esvaziou um conjunto de aldeias cristãs no nordeste da
Síria, as intenções dos extremistas em relação aos 220 cristãos feitos reféns
permanecem obscuras.
De acordo com o Observatório
Sírio para os Direitos Humanos, um comandante citou um parágrafo da Sharia (lei
islâmica) que garantiria a libertação de 29 reféns. Porém, o primeiro grupo de
prisioneiros libertados que conseguiram chegar em segurança na cidade de
Hassaka, em 2 de março, eram de apenas 19 pessoas. Na faixa de 50 anos ou mais,
os reféns libertados, eram todos civis de uma mesma aldeia e apenas duas eram
mulheres. Supostamente, líderes árabes sunitas locais auxiliaram na negociação
para a libertação dos reféns."Nós não acreditamos que sairia vivo",
afirmou um dos cristãos em entrevista à Agência Internacional de Notícias da
Síria. "Nós estávamos em constante medo.", conta.
No dia 3 de março, mais quatro
reféns, incluindo uma menina de seis anos e sua tia-avó, foram libertados e e
encontraram com os demais cristãos de Hassaka, recepcionados por uma multidão
aliviada que os aguardavam.
De acordo com um dos reféns
libertados, na madrugada de 23 de fevereiro, a aldeia foi acordada por membros
fortemente armados do Estado Islâmico e, após o sequestro dessas pessoas,
ficaram por mais de cinco dias sendo pressionados a se converter ao islamismo.
“Esse foi o seu foco constante. Não fomos agredidos fisicamente, mas
pressionados contantemente a nos converter ou pagar o ‘jizya’ (imposto para não
se tornar muçulmano)”, explicou. Mais tarde, os extremistas disseram que não
iriam recolher o imposto, mas que eles não poderiam voltar à aldeia, pois se
fossem pegos novamente, seriam mortos.
Fonte: Portas Abertas